Quando a Intrinseca começou a divulgar a publicação de Shataram, eu li a sinopse e fiquei pensando se pediria para fazer resenha quando surgisse a oportunidade. Não que eu tenha alguma coisa contra a escritores que já foram presos, mas fiquei pensando o que um homem que ficou na cadeia teria de substancial para acrescentar na minha vida, visto que uma pessoa que vai presa normalmente não é nenhum modelo de virtude.
Para quem não sabe, o autor do livro ,Gregory David Roberts , é um ex-presidário que fugiu da prisão, na Austrália, seu país, e foi para Bombaim, na Índia. Com um novo nome, Lindsay, ele viveu muitos anos sem ser descoberto. O livro, escrito por ele, além de falar sobre tudo o que ele viveu no novo país, também fala da cultura indiana, dos diferentes povos que habitam o lugar e de seus costumes.
O original, escrito em 2003,publicado em 2011 pela Intrinseca, é um mergulho no submundo do crime organizado. Apesar de não parecer uma vontade de Lin, como ele logo começou a ser chamado pelas pessoas que o conheciam, um homem misterioso acaba atraindo curiosidade. Sozinho na Índia e sem intensão de ir a outro lugar, contratou um guia local chamado Prabaker- que no futuro tornou-se seu melhor amigo-e foi aos poucos fazendo amigos e descobrindo meios pra sobreviver.
"...E, por julgarem que minha natureza fora abençoada com uma felicidade pacífica, as mulheres haviam concordado com a proposta para meu primeiro nome. Era Shantaram, que quer dizer homem de paz ou homem da paz de Deus. "(pág 142)
Não pense que Lin viveu na fartura. Depois de alguns meses morando em um hotel, foi assaltado e perdeu todo o dinheiro que tinha. A convite de seu amigo Prabaker, ele vai morar numa das favelas mais populosas da Índia! Por causa de um curso antigo de enfermagem, por incrível que pareça, ele logo torna-se o "médico" da favela e lá passa meses e meses ajudando os doentes gratuitamente, caindo nas graças de muitas pessoas influentes da máfia.
Ele tinha ido em busca de liberdade, e com certeza conseguiu muito mais que isso: teve a oportunidade de fazer o bem para muitas pessoas. Não obteve o perdão. Mas , ironia ou não, teve uma experiência de vida que talvez nunca tivesse acontecido. Se não fosse pela vida de crimes na Austrália, ele nunca teria ido para Bombaim. Nunca teria conhecido as pessoas que conheceu e nem amado tanto quanto amou.
Shantaram, publicado no Brasil pela Editora Intrinseca, nos dá uma visão mais popular e obscura da Índia de fantasia que vemos em novelas. Ele nos mostra como a pobreza é ainda pior do que imaginamos e como as pessoas podem ser felizes com pouco. Por mais estranho que possa parecer, me emocionei com alguns trechos da história, com sua forma poética de ver o mundo e com a busca pela paz.
Acho que a única coisa que me desmotiva a ler esse livro são suas mais de novecentas páginas. Mas a sua resenha fez parecer que o livro tem uma leitura até fluente. Verdade que novelas e programas de tevê sempre mostram o lado lindo do mundo como se não houvesse mazelas. Não sabia que o autor tinha sido preso. Curioso isso.
ResponderExcluirOi Martha!
ResponderExcluirEu li um livro uma vez que traz a realidade da Índia, e ela não é tão bonitinha como vemos na Tv.
É cruel, tem uma probeza extrema, é impressionante saber tudo o que tem por trás da beleza.
bjs
Shantaram é livro magnífico, as 910 páginas são fichinhas para bela estória que a contém, amei o personagem Prabu, sua alegria pela vida e para com seus amigos. O modo que foi escrito, é como estivesse Lin ao seu lado, contando suas aventuras numa India, que mistura demais seu passado e contemporaneo. Com este livro conhecemos uma cultura diferente e percebemos aos socos como somos ricos e pobres ao mesmo tempo...Recomendo!
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