Resenha: Bel Canto

Esse livro é uma cortesia da Editora Intrinseca

A viagem do sr Hosokawa a um país de terceiro mundo, na América do Sul, foi motivada única e exclusivamente por sua paixão pela cantora lírica Roxane Coss. Executivo, dono de uma das maiores fábricas de eletrônicos de Tókio, Sr Hosokawa tinha na ópera sua maior paixão. Casado e com duas filhas, amando-as como se deve amar, ele reservava alguns minutos de seu dia para ouvir a música que lhe envolveu desde a infância.

Estar num país pelo qual não tinha interesse nenhum, valia a pena, desde que ele pudesse ouvir sua musa cantar. 

Roxane sabia que muitas pessoas a amavam. Como não amar alguém que faz a música ir até a alma e toca seu coração como nada no mundo? Mas ela também sabia que ter fãs fazia parte de sua rotina.

Foi uma surpresa quando no final de sua apresentação, o salão da casa do vice-presidente daquele país, foi tomado por homens armados. Todos ficaram apavorados. Afinal, haviam pessoas importantes de vários continentes. Após o primeiro momento de impacto, Gen, o interprete do Sr Hosokawa, foi escolhido para traduzir para as várias línguas as exigências dos seqüestradores: eles queriam o presidente. Mas o presidente não estava na festa. Ele estava ocupado, assistindo a mais um capítulo de sua novela preferida.

Uma nova estratégia deveria ser criada. Os seqüestradores decidiram libertar as mulheres e crianças, mas Roxane, sendo a mulher mais preciosa da festa, ficou entre eles. Sem saber como seriam as negociações, os reféns criaram sua própria rotina.

Foram mais de 5 meses de incertezas. Os homens, pensando em suas famílias, em suas empresas e em como retomariam sua rotina caso saíssem dali com vida. Os seqüestradores, muitos deles jovens, moradores da periferia e da classe mais baixa da sociedade, tiveram naquela casa e com aquelas pessoas, confortos que eles nunca imaginaram possíveis. Ali, naquele momento, era o melhor lugar para se viver.

Laços foram criados, inclusive entre seqüestradores e reféns, e quando a polícia resolveu tomar uma atitude, muitas vidas se perderam. De ambos os lados. 

Bel Canto, publicado no Brasil pela Editora Intrínseca, narra com certa poesia os momentos mais tensos vividos por todos os envolvidos. A autora Ann Patchett foi cuidadosa ao expor os envolvimentos amorosos e seus desfechos. Bem dividido entre o sequestro e os sentimentos dos personagens, temos um livro sensível e emocionante.

Como muitos comentaram, o epílogo, nas últimas páginas, não foi algo esperado, mas tem seu encanto.