6 de agosto de 2014

Resenha: Ter e não ter


Esse livro é uma cortesia da Bertrand Brasil

Eu nunca tinha lido nenhum livro de Hemingway. E confesso que talvez devesse conhecer a história de vida do autor para não me decepcionar com a narrativa. Não que o livro seja ruim, mas é uma história simples e trágica para um autor tão venerado. Ou é justamente a simplicidade que o faz ser tão encantador?
Quando Ter e não ter, publicado no Brasil pela Bertrand Brasil, foi escrito-1937-, os EUA vinha de uma segunda crise econômica. Muitas pessoas sem emprego e passando necessidades. E seu personagem principal, Harry Morgan, é um pai de família, trabalhador e batalhador, que ama a mulher e os filhos. Ele não tem grandes ambições e nem é um homem bonito. É somente um homem comum, que busca, através do trabalho, legal ou não, cuidar da família. Talvez por isso Hemingway tenha me parecido um simples autor, pois hoje em dia a maioria de nós, leitores, está em busca da fantasia que a vida não nos oferece. Nós queremos galãs! Queremos sonhar com uma vida e um amor que talvez nem sejam possíveis. Mas é justamente por isso que a literatura nos agrada.
A vida de Harry Morgan é uma sucessão de tentativas e tragédias. Sem emprego, ele usa seu barco para contrabandear bebida e pessoas. E como todos os homens comuns, está sujeito às leis, que existiram desde sempre. Seus amigos, se é que podemos chamar assim, têm uma situação ainda pior do que a sua: muitos não têm emprego e os que tem, ganham tão mal que quase não conseguem sustentar suas famílias. Harry ainda tenta ajudá-los como pode, levando-os em seu barco como ajudantes em troca de alguns dólares.
A narrativa alterna entre a vida de Harry e de outros moradores de Key West, mas é sempre Harry que está em evidência. Mesmo quando perde seu barco, ele consegue o barco de um amigo para dar andamento aos serviços para o qual é contratado. E como em toda tragédia, é certo que ele e sua família sofrerão as tristezas de todos os homens, comuns ou não.


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